Será que o vibrador dessensibilizou sua libido?
- Tutu Lombardi
- 9 de jan. de 2020
- 3 min de leitura
Atualizado: 27 de ago. de 2023

Você está naquela fase mega apegada ao vibrador mecânico, quem sabe até "viciadinha" no orgasmo expreess, com o toy na vibração 47 em looping? Rs, se sim quero começar dizendo que não sou anti-vibrador mas eu tenho um ponto, e ele começa com a própria história da invenção do vibrador, como ele surgiu, você sabe?
Long story short: até uns 300 anos atrás uma mulher que sentisse prazer sexual era considerada histérica - isso mesmo, se ela falasse, gemesse ou expressasse de qualquer outra forma que estava sentindo prazer, bum: histérica! O prazer feminino era inconcebível, os homens tinham certeza que as mulheres não sentiam prazer sexual algum, já que a ereção era a prova de que eles sim tinham libido!
A "histérica" era então encaminhada para uma clicnica ginecológica que oferecia sessões de Paroxismo, uma técnica de masturbação clitoriana exaustiva, ou seja, os médicos pinçavam o clitóris e faziam movimentos de tremor com os braços sem parar, mas sem parar mesmo, porque o objetivo aqui era que o prazer exaurisse e virasse desconforto, dor, incomodo. Dessa forma eles acreditavam que elas deixariam de sentir prazer com qualquer estimulação clitoriana porque o corpo ia lembrar daquele incomodo.
Porém, o que aconteceu é que, além das clínicas de Paroxismo terem bombado literalmente, eram filas de "histéricas" e de retorno de outras tantas, não havia mais "braço" médico que aguentasse tantas longas sessões! E por conta de uma exaustão profunda nos braços pra aguentar tanto treme treme, um deles teve a genial ideia de criar um braço mecânico que estimulasse o clitóris ao ponto da exaustão.
Os vibradores simplesmente exauriam a mulher de tanto estímulo clitoriano a ponto do prazer virar dor e enfim dessensibilizar um dos órgãos mais sensíveis do corpo feminino.
Caso o vibrador da Paroxia não resolvesse o "problema", o clitóris da mulher era removido.
Mas esse é só o começo da história e não estou aqui fazendo campanha alguma contra um objeto que foi sendo desenvolvido ao longo de todos esses anos, que tem uma indústria de alta tecnologia por trás, e que hoje em dia é produzido em diversos materiais e formas.
Mesmo porque cada uma usa de um jeito e não são todas as mulheres que chegam nesse ponto de dessensibilizar a libido e padronizar orgasmos.
A questão é que 200 anos se passaram de muita história até que, em meados de 60 e 70, a mulher finalmente sentiu os primeiros sinais de liberdade sexual depois de séculos de castração. Porém, essa nova era trouxe um modelo de sexualidade inspirado na pornografia, com uma demanda altíssima por performance e velocidade, show time e exibicionismo. E os vibradores portáteis chegaram nessa onda, do orgasmo através da força e da velocidade. A mulher que exaure suas energias pra gozar.
E gozar é o contrário de esforço, gozar é entrega, liberação, relaxamento. E é esse meu ponto aqui.
Eu pessoalmente nunca me interessei por vibradores de plástico ou silicone, sempre os achei fora do meu contexto sexual: pra começar, pênis nenhum vibra, eu pelo menos nunca conheci um pênis que pulsasse e vibrasse em 18 velocidades diferentes, hehe. Então o vibrador usado em excesso pode não só dessensibilizar a verdadeira potência orgástica do corpo como pode padronizar um orgasmo - que num sexo real nunca vai rolar.
Fora isso, plástico e silicone são materiais que podem desequilibrar sua flora vaginal e causar perda da lubrificação, mas isso já foi falado num post anterior.
Fica aqui a reflexão sobre sensibilidade genital e os padrões de orgasmo que podemos criar disso. As joias sexuais não tem vibração mecânica, só energética. È outra pegada, a do auto conhecimento sexual, porque quem faz o movimento é você (ou um parceiro/a/e) então você aprende que força, que velocidade cai bem PRA VOCÊ.
Não é atoa que os sex toys mecânicos estão cada vez mais potentes né? Já pensou nisso?
Beijos,
Tutu Lombardi
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